Analistas do Barclays acreditam que os preços dos imóveis podem recuar até 30% no país asiático.
Segue
um alerta para quem acha que os preços dos imóveis vão subir para
sempre no Brasil. Na China, onde o valor das propriedades disparou nos
últimos anos e, até pouco tempo atrás, ninguém falava que essa tendência
se reverteria, já há indícios de que a bolha imobiliária começa a
desinflar.
Segundo um relatório do Barclays Capital Research, os
preços das moradias podem cair até 30%. A correção está diretamente
ligada a restrições impostas pelo governo chinês ao crédito imobiliário.
As medidas incluíram a exigência de uma entrada maior nos
financiamentos e a elevação dos juros. Em cerca de 40 cidades, a China
também impôs restrições às compras de casas.
As medidas resultaram
em uma queda nas vendas de casas e também levaram à redução dos preços
dos imóveis nos últimos dois meses. O Barclays não espera que a correção
tenha um efeito devastador na economia. O governo poderia relaxar
algumas medias se sentir que o setor passa por uma desaceleração
excessiva. Além disso, a população chinesa mantém níveis de poupança
elevados e baixo endividamento.
O volume pequeno de crédito
imobiliário é o principal argumento de quem defende que não há chances
de o mercado brasileiro passar por uma bolha, apesar do forte aumento de
preços verificado nos último anos. Especialistas alertam, entretanto,
que se houver uma oferta ainda menor de crédito no Brasil, os preços devem ao menos estabilizar.
A
redução do crédito poderia ser causada pelo fim dos recursos da
caderneta de poupança disponíveis para o crédito imobiliário. No Brasil,
essas linhas de crédito são subsidiadas. Os bancos captam recursos com a
poupança e pagam juros de 6% ao ano mais TR aos investidores. Depois,
usam esse dinheiro para emprestar aos compradores de casas por taxas que
variam de 8% a 12% ao ano mais TR.
Somente 65% do dinheiro da poupança deve obrigatoriamente ser usado no crédito imobiliário.
O problema é que esse estoque de dinheiro deve terminar em 2012 ou
2013, segundo estimativas do mercado. Quando isso acontecer, é provável
que os bancos tenham de captar dinheiro mais caro. O repasse desses
custos levará também ao encarecimento do crédito imobiliário. Nos
últimos meses, na verdade, bancos como o Santander já estão mais
seletivos na liberação desse tipo de financiamento.
João SandriniPublicado por Exame.com
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