Os depósitos de poupança apresentaram recuperação entre junho e
agosto, depois da forte queda ocorrida entre janeiro e maio de 2011.
Trata-se de um indicador importante para o crédito imobiliário, que
depende desses recursos para conceder empréstimos aos construtores e
mutuários finais.
A captação líquida das cadernetas, em agosto, foi de R$ 2,2 bilhões,
dos quais R$ 1,3 bilhão referente à poupança rural do Banco do Brasil -
cuja destinação não é o crédito imobiliário - e R$ 0,9 bilhão, à
poupança habitacional, para o financiamento da casa própria pelos
agentes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), inclusive
a Caixa Econômica Federal (CEF).
Entre janeiro e junho, a captação da poupança no SBPE foi negativa em
R$ 173 milhões, mas cresceu R$ 4,1 bilhões, em julho, atingindo R$ 5
bilhões no ano, até agosto. Trata-se, por ora, de uma recuperação
modesta, comparada à do mesmo período do ano passado, quando a captação
líquida das cadernetas foi positiva em todos os meses, atingindo R$ 15,3
bilhões até agosto.
Não obstante o crescimento mais lento das cadernetas, os empréstimos
habitacionais no âmbito do SBPE continuam em elevação, pois os bancos
dispõem de recursos prévios, além dos retornos dos empréstimos
contratados. Nos primeiros sete meses do ano, os volumes aplicados
superaram R$ 43 bilhões, mais 50% em relação ao mesmo período de 2010,
enquanto o número de unidades financiadas passou de 227 mil para 275
mil, alta superior a 21%.
Os depósitos de poupança perderam competitividade, neste ano, em
decorrência do aumento da taxa básica de juros, que elevou a remuneração
dos fundos DI e de renda fixa. A recuperação de julho teve caráter
sazonal, pois muitos trabalhadores saem de férias e recebem metade do
13.º salário. O dinheiro, frequentemente, é deixado em contas de
poupança. Neste semestre, a captação da poupança tende a melhorar, pois o
juro básico caiu, na última reunião do Copom, de 12,5% ao ano para 12%
ao ano - e muitos analistas preveem novas reduções até dezembro.
O ponto mais importante é que a recuperação dos depósitos de poupança
tem muito que ver com a renda dos trabalhadores, notando-se que também
cresceu a captação dos fundos, atingindo R$ 7,9 bilhões, um recorde para
o ano. O aumento da captação, em geral, indica que há renda disponível
que pode ser separada para o futuro - e que os tomadores não sofrerão
com a falta de crédito para a produção e a aquisição de bens.
Publicado por: O Estado de São Paulo.
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