Dúvida do internauta: Eu e meus irmãos possuímos um imóvel residencial na Zona Sul de São Paulo. Um amigo que entende melhor do mercado imobiliário
disse que o metro quadrado na região, por onde passará uma linha de
metrô, custa 8.000 reais. Temos a intenção de vender a casa, mas temos
dúvida acerca do preço que pretendemos cobrar. Estamos relativamente
tranquilos para concretizar a venda. Como somos leigos no assunto,
gostaria de saber qual a melhor forma de efetuar essa venda: contratando
um corretor ou sozinho?
Resposta de Luiz Calado*:
Eu,
pessoalmente, prefiro contratar o serviço de um corretor de imóveis. Um
bom corretor tem sempre um grupo potencial de interessados em adquirir
imóveis e isso possibilita a obtenção de melhores propostas.
Além
disso, ter alguém intermediando aumenta a credibilidade a respeito dos
comentários sobre o imóvel. Considerando que as partes interessadas
(comprador e vendedor) visam sempre seu próprio favorecimento, seus
próprios comentários podem até gerar suspeitas. Os comentários vindos de
terceiros, a princípio, são menos parciais.
Muitas pessoas dão
mais valor à informação quando ela vem de outra fonte que não da parte
interessada. Eu até já negociei imóveis diretamente, não obstante minha
predileção pelo uso de corretores, mas nesse caso já conhecia alguns
possíveis compradores, considerando que realizo palestras e aulas sob o
assunto.
Algumas pessoas pensam que pagar a corretagem é uma
grande despesa, mas o custo-benefício geralmente compensa. Na maioria
das vezes, o processo de venda direta pelo proprietário acaba sendo mais
lento, a não ser que o imóvel esteja em área de alta atratividade, onde
a especulação imobiliária acaba sendo um fator positivo e até impulsionador.
Se
for esse o caso, talvez você possa até arriscar em vendê-lo por conta.
Se optar por isso, certifique-se de que está amparado juridicamente com
um bom contrato de compra e venda e considere sempre a possibilidade do
futuro comprador aparecer com um corretor para auxiliá-lo.
Pode
ser contraproducente contatar diretamente um comprador em potencial,
pois em alguns casos ele possui expectativas irreais acerca do imóvel,
principalmente os iniciantes nesse mercado. Geralmente quem os devolve à
razão são os corretores.
Há também a concorrência entre os
próprios corretores que disputam a venda dos imóveis e acabam exagerando
no discurso, dizendo somente aquilo que você quer ouvir - por exemplo,
que o seu imóvel vale $100, quando, na verdade, vale $50. Além de não
ser ético, isso acaba dificultando muito o processo de compra e venda no
mercado imobiliário.
O corretor imobiliário é uma boa fonte de
informação e pode ser muito útil para você nos negócios. Eles estão no
ramo da informação, sabem o que está ou estará à venda. Algumas pessoas
julgam que investidores imobiliários e corretores são profissionais
inescrupulosos e trapaceiros, mas posso afirmar que os que sobrevivem
dessa prestação de serviço no longo prazo são pessoas que realmente
merecem nosso respeito.
Aos novatos nesse universo podemos dizer
que “o mundo é um lugar bem pequeno” e agir sem ética pode tornar
qualquer ação ou inação um tormento inimaginável. Aos que pensam ser
imunes às retaliações saibam: ninguém sai ileso. Sendo assim, reitero
que o papel do corretor é de extrema importância: munir o comprador e o
vendedor das informações exatas e necessárias ao negócio, buscando ser o
mais honesto possível quanto ao preço justo do imóvel.
*Luiz
Calado é economista, doutorando em finanças sustentáveis,
vice-presidente do IBEF (Instituto Brasileiro dos Executivos de
Finanças) e autor dos livros “Imóveis: seu guia para fazer da compra e
venda um grande negócio” e “Fundos de investimento: Conheça antes de
investir”.
Publicado por Exame.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário