quinta-feira, 31 de maio de 2012

Uma leitura mais profunda do Crédito Imobiliário

Há muito ouvimos que o crédito imobiliário é a “bola da vez” do mercado de crédito. Não é pra menos, quando comparamos os níveis dos volumes de carteira no Brasil com o resto do Mundo e ao observarmos os elevados percentuais de crescimento. No entanto, o nível de participação, mesmo após anos de crescimento ainda é tímido e nessa velocidade não será relevante por muito tempo. Quando observamos o Déficit Habitacional, percebemos a sociedade ávida pela aquisição deste tipo de bem. Muito foi feito ao longo dos últimos 10 anos na esfera governamental, mas para realmente atingirmos níveis de países desenvolvidos, algumas barreiras ainda precisam ser resolvidas. Analisaremos a seguir essas perspectivas.
Segundo estudo da PNAD 2008 (publicada em 2011), temos no Brasil cerca de 56 Milhões de Domicílios. Há um déficit habitacional (caracterizado por aqueles que manifestaram o desejo de constituir novo domicílio) estimado em 5,5 milhões de domicílios, ou seja, aproximadamente 10%.
Há um desequilíbrio entre demanda e oferta que acarretou em um boom imobiliário com consequente elevação dos preços. Para entender a comparação do Brasil com o mundo para sabermos onde estamos posicionados nesse momento, utilizamos o custo por metro quadrado. Esse custo no Brasil (média do Rio de Janeiro e São Paulo) é cerca de doze vezes menor que o de capitais como Londres, Paris e Mumbai.
O Volume de Operações de Crédito (Carteira de Crédito) para financiamento imobiliário no país é crescente a taxas bastante elevadas. Em jan-05 a relação crédito imobiliário % do PIB era de apenas 1,3% e hoje está em 5,2%, ou seja, quadruplicou em 7 anos. No entanto, o Setor público responde por 76% dessa carteira.
Como os prazos do financiamento imobiliário são muito longos (20 a 30 anos) a carteira leva muito tempo para atingir sua maturidade. Para que se tenha uma ideia, atualmente os volumes de concessão de recursos direcionados dessa modalidade são da ordem de R$ 1,1 Bilhão e o duration da carteira em torno de 156 meses. Com esses dados, a carteira madura seria da ordem de R$ 170 bilhões, mas o que observamos atualmente está em torno de R$ 15 bilhões. Essa mesma projeção para o mercado como um todo mostraria uma carteira na ordem de R$ 795 bilhões (quando hoje observamos cerca de R$ 210 Bilhões), dado o volume de concessões mensais na ordem de R$ 6,3 bilhões.
O mercado de financiamento imobiliário continuará sendo apontado como a bola da vez, pois parâmetros como o déficit habitacional, a baixa relação (quando comparada com outros países) de crédito imobiliário sobre crédito total, a alta intervenção do governo que evidencia o espaço para o setor privado, e finalmente as condições que ainda podem ser melhoradas – nível de juros, desburocratização do processo e opções de funding – evidenciam que ainda estamos na infância desse mercado no Brasil.

Publicado por DCI

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