Medo da violência incentiva venda de imóveis de luxo em bairros
nobres da capital paulista e ocasiona aumento da oferta no mercado
Casas relativamente novas de alto padrão em bairros nobres da capital estão perdendo valor. A última pesquisa mensal do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), referente a setembro, mostra que o metro quadrado das casas de luxo com até sete anos vendidas na zona A – que, segundo a instituição, compreende 20 distritos nobres, incluindo Vila Nova Conceição, Morumbi, Alto de Pinheiros e Jardim Anália Franco – custa aproximadamente um quarto do que um ano antes. De setembro de 2010 ao mesmo mês de 2011, o metro quadrado passou de R$ 9.642 para R$ 2.640.
“Na medida em que o interesse de
compra diminui, o preço é o instrumento que se usa no mercado”, diz o
presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto.
No Morumbi, de
acordo com o corretor de imóveis Roberto Simonsen, da imobiliária Maber,
o metro quadrado de uma casa chega a R$ 2,5 mil, bem menos do que os
cerca R$ 4,5 mil cobrados em condomínios verticais ou horizontais da
região. “Há um problema de liquidez. Em vez de vender em um prazo médio
de seis meses, pode demorar de três a cinco anos”, conta. Somente num
trecho da Rua Adalivia de Toledo, no Real Parque, pelo menos seis
imóveis estão disponíveis para venda.
Para a diretora comercial da
imobiliária Lello, Roseli Hernandes, a violência explica a fuga dos
moradores. “No Morumbi, as casas de alto padrão estão vivendo um drama.
As pessoas não se sentem seguras e saem.” Neste ano, os roubos à
residência tornaram-se problema frequente no bairro.
A delegada
titular do Creci-SP no distrito da zona sul, Shirley Toledo de Oliveira
Kanazawa, acredita que a desvalorização dos imóveis e o aumento da
oferta para venda sejam provocados por diversos fatores e agravados pela
onda de crimes.
“São casas com mais de 30 anos e pessoas que, com a idade, passaram a ganhar menos. Também há a dificuldade se obter funcionários para a manutenção dos imóveis”, explica.
“São casas com mais de 30 anos e pessoas que, com a idade, passaram a ganhar menos. Também há a dificuldade se obter funcionários para a manutenção dos imóveis”, explica.
Mais seguro. A queda de preços verificada no Morumbi não se repete, entretanto, em todas as regiões – mesmo as próximas. De acordo com Shirley, áreas como Jardim Guedala e Vitória Régia ainda atraem a classe A. “E tenho imóveis no Jardim Europa que custam R$ 10 mil por m².”
Em Perdizes, a procura é por casas de vilas, segundo o corretor Hermenegildo Vicente, há 15 anos no mercado.
“Com os preços exorbitantes, está difícil. Uma pessoa não consegue um imóvel desses por menos de R$ 800 mil.” O valor, de acordo com ele, é maior no Pacaembu, onde o metro quadrado custa em média R$ 5 mil.
“Com os preços exorbitantes, está difícil. Uma pessoa não consegue um imóvel desses por menos de R$ 800 mil.” O valor, de acordo com ele, é maior no Pacaembu, onde o metro quadrado custa em média R$ 5 mil.
Segundo
o diretor local da Brasil Brokers, Marcelo Senna, os destinos de
ex-moradores das casas são os empreendimentos verticais, menores e com
reforço na segurança. “A migração é para apartamentos ou para casas em
condomínios fechados”, diz.
Viana Neto acredita que os problemas de liquidez e evasão
sejam passageiros: “Quando começa a haver ocorrência de assaltos, há
dificuldade para a comercialização na região, mas não é irrevogável”.
Sanados os problemas, o mercado consegue se recuperar, segundo ele: “Em
seis meses, tudo volta ao normal”.
Para Roseli Hernandes, apenas
um boato é capaz de interferir na procura de imóveis, e o problema da
violência atinge todas as regiões da cidade. Se a intenção é a de evitar
erros na aquisição de um imóvel, ela recomenda pesquisa: “Procure uma
imobiliária local e se informe”, diz.
Gustavo Coltri
Publicado por O Estado de São Paulo
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