Um projeto-piloto do Banco Mundial na região da Berrini (zona sul de
São Paulo) quer propor uma mudança na lei de São Paulo que rege a
quantidade de estacionamentos para empreendimentos imobiliários.
A iniciativa foi apresentada na 12ª Conferência Internacional da
Lares (Latin American Real Estate Society), que aconteceu na semana
passada em São Paulo. Quem apresentou o projeto foi a analista de
transporte do Banco Mundial, Andréa Leal.
Segundo ela, a intenção é mostrar que a cidade São Paulo pode ter uma
legislação que trate a questão de vagas de estacionamento pelo critério
do máximo de vagas, e não do mínimo. Hoje a legislação de parcelamento,
uso e ocupação do solo exige uma quantidade mínima de vagas em função
do tamanho e do tipo de empreendimento.
O projeto-piloto, inspirado em práticas nos Estados Unidos, está
sendo desenvolvido no prédio CENU-WTC, que fica na região das avenidas
Nações Unidas e Luís Carlos Berrini.
“Essa área foi escolhida porque tem uma das maiores concentrações da
cidade de pessoas dirigindo sozinhas em um carro”, justificou Andréa.
A ideia é que os trabalhadores do prédio passem a usar meios
alternativos de transporte. Para isso, será criado um Plano de
Mobilidade.
No local, circulam 6.000 funcionários de 80 empresas, das quais 23 já aderiram ao projeto, segundo a analista.
Os funcionários e as empresas passarão a usar alternativas como
ônibus fretados compartilhados, transporte público e bicicletas. “Foi
verificado no projeto que muitas pessoas não vão para seus trabalhos de
bicicleta apenas porque não há chuveiros na empresa. Isso será
resolvido”, disse.
Segundo Andréa, o objetivo é mostrar que um grande prédio, com um
grande estacionamento, pode reduzir sensivelmente sua necessidade de
vagas de garagem na cidade de São Paulo.
Ela citou a legislação do Estado de Washington (EUA), que determina
que os governos locais de áreas urbanas desenvolvam programas parar
reduzir viagens motorizadas com um ocupante e milhas percorridas por
veículo, como a exigência apenas de vagas máximas. Empresas com cem ou
mais funcionários têm de desenvolver seus planos para reduzir número de
viagens e de milhas percorridas.
DIFICULDADES
O presidente do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável),
Marcelo Takaoka, reconhece o problema do excesso de vagas
estacionamentos na cidade de São Paulo e cita o dado de que já existem
empreendimentos residenciais com espaço total para estacionamento que
equivale a 50% da área privativa dos apartamentos.
“Isso estimula o uso de carros e, por consequência, toda uma série de problemas ambientas e de tráfego”, apontou.
Porém, Takaoka ressalta que o incentivo a meios alternativos na
cidade só vai funcionar quando o sistema de transporte de público for
muito eficiente. “Há estudos que mostram que, em algumas condições, já é
mais barato usar um carro flex popular do que um ônibus circular. O
transporte público precisa melhorar para ser mais atrativo.”
Publicado por Folha.uol.com.br
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